terça-feira, 19 de maio de 2009

PAULO MOURA

Este artista genial é um dos meus preferidos, PAULO MOURA!!!! Paulista de São José do Rio Preto começou na banda de seu pai o Velho Pedro Moura, patriarca de uma família de músicos assim como Godofredo Guedes, Jorge Assad ou Dorival Caymmi. Ainda adolescente chegou ao Rio de Janeiro de onde nunca mais saiu. Começou ao mesmo tempo em duas escolas: a erudita da Escola Nacional de Música e a popular nos bares, boates, gafieiras, clubes de grã finos, se tornando músico ultra versátil pra logo em seguida parar nas orquestras das Rádios. Virou pupilo de muita gente boa, como Radamés Gnattali ou Moacyr Santos que dividiam a pesada tarefa de arranjador com o jovem prodígio. Já andou pelo mundo inteiro e por todas as músicas. Pra quem não acha que sua música tem muita ligação com o samba é sempre bom relembrar que sua primeira gravação em estúdio foi para acompanhar DALVA DE OLIVEIRA no samba PALHAÇO do Nelson Cavaquinho e que suas parcerias com Martinho da Vila são acertos incríveis. Acompanhou artistas da BOA BOSSA NOVA, MPB e está intimamente ligado aos primórdios do Jazz instrumental brasileiro. Ele mesmo em depoimento ao documentário BRASILEIRINHO diz não saber se sua música era samba, choro ou jazz. Sua música em verdade é fruto de um artista renovador de si mesmo, despreendido de formas consagradas, modismos, adaptações fáceis de outras músicas. Encontramos de tudo e todos os grandes nomes da nossa música em sua obra: o disco com Elomar, Heraldo do Monte e Athur Moreira Lima vai na raiz da música do sertão, gravou música clássica num show antológico com Abel Ferreira, Altamiro Carrilho e Formiga; com Zezé Mota, Jorge Degas e Djalma Corrêa formariam o Quarteto Negro, um dos discos preferidos do meu camarada e arteiro ROQUETÃO, com a liberdade musical digna dos grandes mestres. Dos seus trabalhos mais recentes parcerias com Yamandú Costa, Cliff Korman, João Donato ou um disco inteiro de forró com Josildo Sá, todos preciosíssimos na produção e arranjos. Ele esteve aqui pro festival de Jazz que rola no carnaval, não pude ir porque estava na avenida, mas um amigão meu o DJ e percussionista Múcio o conheceu e disse ser ele a pessoas mais de boa do mundo, bem humorado, vive num mundo onde tudo é música ou inspiração pra criar e modificá-la. Por ser a primeira postagem de um artista vivo, em todos os bons sentidos do termo, vou disponibilizar um disco exclusivo, que não achei por aí, o GAFIEIRA ETC. E TAL de 1986 com uma turma da pesada, destaque para Jorginho do Pandeiro e Zé da Velha antigos parceiros de rodas de chorinho, parceiros também no show NOITES CARIOCAS de 1987 com mais um monte de bambas do choro. Esse disco, GAFIEIRA, ainda foi relançado em 2001 por um selo de Portugal com o nome de Alma Brasileira. A magia do samba está lá, mesmo quando não parece estar, causando confusões gerais em mentes despreparada para o espanto. EVOÉ PAULO MOURA, QUE TUDO EMBORCA E FAZ CACO!

MURAL DO SARAVÁ

Olha aí pessoal, tô inaugurando o mural aqui do blog. Vai sempre ter um link na barra lateral pra ver ele ampliado. São eventos interessantes que estão rolando pela cidade, fiquem atentos estaremos sempre atualizando o mural. Abraços

terça-feira, 12 de maio de 2009

ELIZETH CARDOSO

Ontem estive com meu amigo Ennio do blog NO PAU DA GOIABA, e como sempre rolou um bom papo bem humorado sobre coisas importantes. Ele mencionou o nome da DIVINA ELIZETH e fiquei na fissa de postar alguma coisa em homenagem a essa cantora maravilhosa que me arrebatou e definitivamente está entre minhas preferidas. Fui pesquisar sua trajetória e fiquei mais impressionado ainda com sua luta contra adversidades desde muito cedo em sua vida até alcançar glória internacional mais que merecida. Sua discografia é realmente muito extensa e no entanto quase nada dela está disponível ou nas lojas de discos ou mesmo na internet. Salvo o belíssimo trabalho do também extraordinário e sempre mencionado neste blog o poeta, produtor, agitador, compositor e cantor (tá bom pra você?) HERMÍNIO BELLO DE CARVALHO, que compilou cinco importantes discos da cantora numa caixa luxuosíssima intitulada FAXINEIRA DAS CANÇÕES pela Biscoito Fino. Ela está presente em tudo que foi importante na música brasileira: começou ao lado de Noel Rosa, Marília Baptista, Ary Barroso, Vicente Celestino e Jacob do Bandolim, consolidou sua carreira na era do samba-canção, revelou a batida diferente de João Gilberto em um disco seu o CANÇÃO DO AMOR DEMAIS, depois subiu o morro e valorizou os "sambistas autênticos" quando todo mundo tava vidrado só na Bossa Nova, teve importância maior no gênero Chorinho e até o uniu com a Bossa num show memorável no Teatro João Caetano ( sem nunca nos esquecer da importância de Baden Powell neste intercâmbio), até com canto lírico ela deu uma flertada, ou seja consolidou uma escola que qualquer pretensa cantora deve no mínimo conhecer bem e reverenciar. Infelizmente uma tarefa bem difícil pois sua obra permanece praticamente inteira fora de catálogo guardada sabe-se lá como por gravadoras sem visão cultural alguma que só querem lucrar quando na verdade só se afundam mais e mais em crises. Indico o blog UM QUE TENHA onde se encontram 16 dos mais de 40 álbuns lançados por ela, aproveita e faça uma radiografia desse blog que detém um belo acervo de nossa música. Vou postar aqui uma coletânea, que não está no umquetenha, para se ter uma boa noção do que foi sua atuação na música, desde versões mais tradicionais até as mais "experimentais" de uma artista que não tinha medo de ser taxada de moderna pelos tradicionalistas tampouco de antiquada pelos mais "modernosos". Viva a paixão na voz da inigualável ENLUARADA ELIZETH.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

ZÉ KÉTI


"Eu sou o samba, A VOZ DO MORRO sou eu mesmo sim senhor..." Esses versos são de um clássico maior do samba. A expressão "A Voz do Morro" tem muito mais história do que geralmente se imagina. Primeiro foi um programa de Rádio em que trabalharam juntos Cartola e Paulo da Portela, que logo em seguida com Heitor dos Prazeres formariam o Trio Conjunto Carioca, tempos depois Zé Kéti compôs a música eternamente relacionada a famosa expressão ( foi feita um pouquinho antes do filme precursor do cinema novo RIO QUARENTA GRAUS de Nelson Pereira dos Santos e usada como trilha) . Logo em seguida apareceram dois conjuntos com nome A VOZ DO MORRO, um que contava com Cartola, Nelson Cavaquinho e o próprio Zé Kéti e que não durou muito. Depois Zé Kéti, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho ( que também fizeram parte da primeira formação), Paulinho da Viola, Anescarzinho do Salgueiro, Jozé da Cruz e mais tarde Nelson Sargento formariam o Conjunto A VOZ DO MORRO definitivo que chegou a gravar dois disco pela Musidisc de Nilo Sérgio produzidos por Luís Bittencourt e um outro pela RGE. Isso tudo era pra mostrar a força dessa expressão (que ainda sofreria um embate com o A VOZ DO MORTO de Caetano) eternizada pelo primeiro artista a diversificar seus ramos de atuação dentro do cenário cultural de sua época. Sempre tivemos sambistas pintores que se aventuravam em suas telas figurativas, primitivistas ou simples paisagens, mas nenhum conseguiu repercutir em outros meios, que não a música, sua arte como Zé Kéti. Seja no cinema, teatro, disco ou televisão Zé Ketinho, como era chamado antes de virar Zé Kéti, se mostrou um craque que fazia músicas românticas, de protesto, filosóficas ou simplesmente exaltando o samba. Quem o conheceu diz que foi um batalhador ferrenho de suas causas, quase todas relacionadas ao samba e amigo fidelíssimo, foi de tudo nessa vida, peixeiro, feirante, soldado, contra regra, ator, assistente, artista e sambista o verdadeiro malandro.
Sua querida Portela, ali ele encontrava o samba em estado latente, vivia entre os bambas da Velha Guarda azul e branco, ensinando e aprendendo; Monarco ainda era garoto mas o samba os uniam a todos de tal forma que parecia não haver desacordo entre suas idéias e sim fôlego novo ao samba que rejuvenescia e renovado servia de elixir para todos que sabiam apreciar sua beleza. Ele tinha uma ligação forte com São Paulo principalmete pela amizade com outro grande bamba Germano Mathias e de tanto ir visita-lo acabou morando em Sampa de 1970 a 1980 ajudando também o samba paulistano a se tornar essa força que é hoje. Uma curiosidade sobre ele era a mania de comer camarão, mesmo estando em Sampa ele sempre tinha camarão em casa, fazia uns guisados e quitutes que ele mesmo inventava e convidava todos pra comer suas delícias, ninguém reprovava, sempre cabia mais um repeteco. Sentia com a simples formalidade de não ser reconhecido como autor de talvez sua música preferida e mais famosa MÁSCARA NEGRA, mas no fundo todo mundo sabia que a música era sua. Parceiro de Nara Leão e João do Vale no show/peça OPINIÃO que foi um ponto de inflexão dentro do processo de resistência à ditadura militar no país, deixando os generais de barbas ao molho (OPINIÃO de Vianinha no Rio e o ARENA, do recém falecido, Augusto Boal e Guarniere em Sampa, todos eles artistas de coragem pra enfrentar os anos de chumbo). Zé Kéti é isso mesmo moçada: paz e simplicidade de um grande artista que nos deu muito sem pedir nada ou quase nada a seu favor. Tenho especial carinho por ele, pois foi o primeiro disco de samba que comprei na minha vida (antes só curtia rock) em 1998, que guardo e escuto até hoje mesmo depois de tanto samba já reverenciado. Obrigado por acender as velas do samba dentro de mim e de tantos outros, mestre Zé Kéti, uma chama que nunca se apagará, prometo.

O BARDO DO SAMBA

Nelson Cavaquinho (pra ainda ficar em Mangueira) tem em sua obra a síntese perfeita de simplicidade e genialidade. Se Cartola está pra Drummond, Nelson é mais do time de Manuel Bandeira, nenhum é melhor que o outro, são diferentes mas humildemente Nelson dizia ser Carola melhor sambista. Que isso Nelson, você foi igualmente grande! Tenho uma tese de que ele disse isso como uma "licença poética" ingenuamente maliciosa, porque para um ouvido menos atento parece mesmo o que Nelson afirma ser verdade. Nelson tem em sua biografia a marca da tragédia, quando criança presenciou o massacre que a peste causou nas camadas mais pobres da cidade. Adquiriu um enorme medo da morte a ponto de uma noite ao ter sonhado que iria morrer às doze badaladas voltou o ponteiro do relógio duas horas só pra enganar a visita indesejável.
Misticismos permeiam toda sua obra, JUÍZO FINAL é o exemplo mais claro disso. Foi policial por um breve tempo até uma noitada em que ele dormiu no Buraco Quente e seu cavalo voltou sozinho pro quartel, depois parece que Nelson ficou por lá mesmo, no meio dos marginais e prostitutas sua platéia preferida. Fez muitas músicas, algumas eram vendidas outras tantas esquecidas em porres homéricos, vendeu sua única parceria com o Cartola (talvez por isso mesmo única, Cartola ficou uma arara) não teve a sorte de uma Zica em sua vida, sofreu com as traições de suas companheiras e se tornou sempre só em sua LUZ NEGRA, totalmente desiludido mas ao mesmo tempo cômico e caridoso. Sua obra traz uma grande contradição ao descrever delicadamente o rude universo masculino de um favelado. Leon Hirszman o retratou com a forma poética merecida num curta-metragem em lindo preto e branco, confere uma parte lá NELSON DOC. Aproveita que tá no Youtube e assista também ao ensaio (MPB ESPECIAL) produzido por Fernando Faro, série que até hoje traça com contornos bem nítidos o panorama de nossa música pois não apresenta só musicas mas os depoimentos dos artistas. Neste programa Nelson está acompanhado de seu principal parceiro Guilherme de Britto que também era amigo de Noel Rosa, Zé com Fome e outros bambas. Muitos amigos em seu caminho o ajudaram, em especial Beth Carvalho, Sérgio Cabral, Henricão, Roberto Silva, Cyro Monteiro, Sérgio Porto, Cristina Buarque e Carlinhos Vergueiro.
Nelson desenvolveu uma mitologia própria pela sua condição de artista marginal, informações desencontradas, estrórias inventadas, obras-primas ainda desconhecidas, grandes amores que nunca existiram criaram a enorme dimensão folclórica de seu gênio, como não poderia ser de outra maneira. Foi como se Carlitos de repente caísse num pagode em Mangueira e percebesse que alí a poesia se confunde com a poeira, que a vida é muito mais do que só isso que se vê ao vivo e a cores (mesmo quando preto e branco fica). A arte de sobreviver que só quem sentiu na pele pode de fato dizer como é. Vou deixar aqui o disco com o Conjunto Odeon, maravilhoso o choro do cavaquinho de Nelson. Ficamos com sua obra e sua fama adorada por Paulo Cesar Pinheiro, Paulinho da Viola, Chico Buarque e tantos outros que reconhecem seu talento e importância. Salve todos os sambistas do mundo e do além, todos carregam dentro de si alguma coisa de Nelson Cavaquinho.

terça-feira, 5 de maio de 2009

MESTRE CARTOLA

A vida de Angenor de Oliveira, o Cartola, é primorosa. Ainda "É" porque Cartola é imortal como diz um de vários sambas em sua homenagem e ele mesmo, genioso, disse certa vez "claro que sou imortal não tenho onde cair morto"! Cartola, mestre do samba, sua trajetória está na raiz e cerne do gênero, ela é cheia de matizes dramáticos e sublimes igual as de todos os grandes gênios. Foi basicamente iniciativa dele através de uma samba (Chega de Demanda) a transição da bagunça do entrudo pra organização dos desfiles das escolas; estamos na origem da carnavalização do samba e do próprio carnaval. Claro que as grandes sociedades também deram aporte à organização da festa, mas a importância de Cartola é imensurável não só porque fundou, deu cores e nome a estação primeira (que veio depois do Estácio e que não ganhou o primeiro concurso de desfile das escolas organizado por outro mangueirense fundador, Zé Espinguela) mas também pela roupagem original e elegante que ele imprimiu ao samba carioca em seu desenvolvimento sendo reconhecido por gente importante como Villa Lobos, Lúcio Rangel, Stokovski, Carlos Drummond.
Cabe ressaltar também que ao contrário de outros sambistas ele não ligava pra esse negócio de vender samba, mais importante era sua escola e o universo do samba. A indústria fonográfica demorou e muito pra reconhecer seu talento por razões óbvias (um meio repleto de bajuladores). Do pessoal que estava dentro de estúdios e rádios na época apenas Noel Rosa teve atitude digna para com o mestre. Em um concurso promovido por um jornal esteve do lado de Cartola e denunciou a jogada de proto-marketeiros levando vantagem em cima do samba e de sua gente. O samba até se safou bem desta e de outras com os mestres, Ary Barroso, Haroldo Lobo, Ataulfo, Herivelto, mas a estória que se fez no morro de uma certa maneira está lá até hoje para ser descoberta. Como ela é linda com Cartola sendo seu coração pulsante. Hoje podemos contar com o trabalho de pessoas magníficas como Marília Barbosa da Silva e Arthur de Oliveira biógrafos do grande mestre e também de Paulo da Portela e Silas de Oliveira. "OS TEMPOS IDO" vencedor do prêmio de monografias e depois livro pela FUNARTE é fruto de um trabalho apaixonado destes dois amantes verdadeiros do samba, minucioso ele não deixa de lado nem o período obscuro de ostracismo na vida de Cartola, sem ser maçante ou piegas cada página é uma fotografia esclarecedora não só do Poeta mas do próprio samba também. Outra grande contriuição é o filme CARTOLA de Lírio Ferreira e Hilton Lacerda com imagens raras e depoimentos comoventes de quem viveu o poeta. Num deles Pelão (Produtor do primeiro disco de Cartola) conta que Marucus Pereira confundiu o som da cuíca do Mestre Marçal com o latido de um cão, hilariante! No MIS também se encontra material precioso não só do Poeta como de todo o panteão dos grandes artistas brasileiros, mas tem que ir lá no Rio de Janeiro o que não é incômodo pra brasileiro nenhum. Bom, ficam as dicas aí pra quem for esperto, vou sugerir um compacto, O DIVINO CARTOLA, da época do ZICARTOLA que foi centro de efervecência cultural num período de "redescoberta" do samba, mesmo assim Cartola só gravaria um LP quase dez anos depois ( o ZICARTOLA só durou 2 anos mas fez sucesso estrondoso mudando o cenário cultural do Rio e depois passou às mãos de Jackson do Pandeiro em 1965). Prestem atenção em AMOR PROIBIDO interpretado por Cartola e as pastoras da Mangueira, um samba que Paulinho da Viola discípulo direto de seu estilo, gravaria com profundo sentimento de amor e eterna devoção/gratidão ao Poeta do samba e das rosas.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

O SAMBA AGORA VAI...

Estou enturiasmado com o movimento de criação de blogs na net e acho que passou a fase de teste deste. Melhor começar a divulgar pra valer! Por enquanto não tem muita coisa mas fiquei pirando na construção dele primeiro pra não ter q mexer depois. Não vou colocar discos pra baixar porque já tem os links pra isso. Melhor comenta-los num contexto mais interessante. A música, o samba vai dar a direção da coisa, espero não cometer gafes. É pra ser meio assim mesmo com cara de mal acabado, vamos ver se gera comentários furiosos. Vamo nessa cambada.